O Primeiro Círculo do Amor

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

O Casal Arnolfini, de Jan Van Eick, 1434
"O primeiro círculo do amor começa com o amor recíproco de nossos pais, como um casal. Foi desse amor que nascemos. Eles nos geraram e nos acolheram como seus filhos. Eles nos nutriram, abrigaram e protegeram por muitos anos. Tomar deles amorosamente esse amor é o primeiro círculo do amor. Ele é a condição para todas as outras formas de amor. Como poderá alguém, mais tarde, amar outras pessoas, se não experimentou esse amor? Faz parte desse amor que amemos também os antepassados de nossos pais. Eles também foram crianças e receberam de seus pais e avós o que depois transmitiram a nós. Também eles, através de seus pais e avós, vincularam-se a um destino especial, assim como nós nos vinculamos ao seu destino. A esse destino nós também assentimos com amor. Então olhamos para nossos pais e nossos antepassados e dizemos amorosamente a eles: "Obrigado". Este é o primeiro círculo do amor." (Bert Hellinger, "Um Lugar para os Excluídos", Editora Atman)


Indiscutivelmente importante é o movimento de nossos pais em nossas vidas. A partir deles damos os primeiros passos para o aprendizado de "como viver". Sua influência é forte e nos direciona para o sucesso ou fracasso. É importante aprendermos a colocar pai e mãe em nossos corações, com amor e gratidão. Mas, mais imprescindível que isso é encararmos o fato de que nossos pais não são determinantes dos resultados de nossa jornada!! 
Estamos na era das escolhas: "Escolho, Logo Existo". E escolhemos o tempo todo, conscientes ou não. O que determina nosso destino é nos conscientizarmos da direção da nossa fidelidade. Se formos fiéis aos pais e suas neuroses, será esse nosso destino; se formos fiéis a nós mesmos, à nossa responsabilidade sobre nossas vidas, se formos fiéis ao nosso daimon, então estaremos fazendo a escolha certa. 
Os movimentos de constelação sistêmica têm afirmado para mim, cada vez mais, a "falácia parental" (Capítulo 3 - "O Código do Ser", James Hillman). Embora possa parecer contraditória minha fala, uma vez que a maioria dos trabalhos parece estar focada nessas duas entidades poderosas, ela sustenta uma outra entidade, muito mais forte que nossos ancestrais diretos: o Adulto, aquele que mora em nosso Self, e a quem deve ser dado o cetro do poder. Uma vez que o fortalecemos, que ele assume nosso puer (criança interior) e passa a fazer escolhas conscientes com elementos saudáveis, as neuroses parentais perdem a força e podemos seguir nossa jornada.
Aqui cabe uma colocação, que é a tese do meu trabalho: a entrada dos Arquétipos. Segundo as demonstrações fenomenológicas da constelação, aquilo que vem antes é mais forte. Portanto, considerando os arquétipos as imagens primordiais de tudo o que há, inclusive nossa psique, é extremamente importante que consideremos sua força em nosso destino. 
O novo paradigma, que afirma que a Consciência cria a matéria, reitera também que nossa evolução passa pela necessidade de acessarmos novos arquétipos para uma real transformação. Para isso, precisamos mergulhar em nossa Criatividade Fundamental, onde estão as infinitas possibilidades para a Consciência manifestar. E, o exercício da constelação é uma das formas que podemos utilizar para compreendermos como nos relacionamos de fato com os arquétipos - se, inteiramente envolvidos com o máximo de expressividade que eles podem oferecer, ou cegos pelas neuroses do ego.
Assim, ao som de Legião Urbana, com a música Pais e Filhos, vamos agradecendo aos nossos pais, reverenciando-os e dizendo-lhes, a partir do coração: "Vocês estão livres para seguirem com suas vidas. Já me deram o suficiente. Não vou mais culpabilizá-los pelas minhas quedas, nem esperar em vocês. A partir de agora, buscarei na vida o que quiser e precisar!".

Por Paula Baccelli


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